Centro do distrito de Americano |
Minha Mãe Rita Lázaro |
Chegavam os anos 20 e muito modificaria a trajetória de vida dos Lázaro, que resolvera mudar para terras paraenses na metade daqueles anos. Vários dias de viagem em navio e lá viam pela primeira vez a Baia de Guajará, chegando às portas de Belém. Mamãe ainda era uma criança de apenas 9 anos, mas lembrava o desembarque através de pequenos botes, que lhes transportavam pois o navio ficara ancorado à distância. Após dias de incerteza em solo paraense à espera da "Canaã" prometida, em uma bela manhã o velho patriarca da família era agraciado com um lote de terras medindo 250 por 1000 m, alguns víveres, ferramentas e seu destino era a então Colônia Araripe, hoje o simpático distrito de Americano em nosso município. Também veio, uma irmã de vovó (tia Filó) e um irmão, cujo nome não me recordo e que preferiu ficar pela capital paraense.
Daí em diante com muita luta sol-a-sol, os Lázaro foram se aclimatando e sobrevivendo do produto da lavoura e algumas criações. Vovó Maria além de boa cozinheira, era também parteira, além de costurar muito bem. Cansei de vê-la montar em garupa de bicicleta ou de cavalo para atender uma parturiente a quilômetros, a qualquer hora do dia ou da noite. Era interessante o número de "filhos que possuía, pois todos aqueles que nasciam assistidos por ela, passavam posteriormente a pedir-lhe a bênção e chamar-lhe de mãe -,sendo esta, uma velha tradição do nordeste brasileiro. Mamãe também nos falava dos bailes da época que eram animados pelos chamados "pau e cordas", normalmente 4 ou 5 músicos com bumbo, violão, cavaquinho, pandeiro e violino, variavelmente.
Já pelos anos 30 chegava ao então povodo, aquele que viria a ser nosso pai, Osvaldo Oliveira. Logo empregou-se no comércio de Felipe de Paula ( que fora vereador e prefeito em nosso município). Tempos depois, mamãe conhecera o jovem "caixeiro" desse estabelecimento comercial, e após alguns anos de namoro formavam o casal Osvaldo e Rita - e que tempos depois tiveram que mudar para Sta. Izabel, pois o patrão (Felipe) resolveu abrir aqui uma filial. No novo comércio, papai veio como "caixeiro interessado", uma espécie de gerente, tendo em seguida passado a sócio e mais tarde proprietário da próspera Casa Oliveira, que se situava na Rua Cearense (hoje a Av. José Amâncio) esquina da atual Pedro Constantino, bem em frente ao imponente Mercado Municipal.
Do relacionamento nasceram: Ivete ( que falecera em tenra idade), Maria Lina, Osvaldina Maria, Osvaldo Fillho e Eu.
Porém a saudade me bateu cedo quando perdi papai, eu contava apenas com 4 anos de idade.
Confesso não ter conhecido meus avós paternos e nem tampouco meu avô materno. No entanto com minha avó, convivi por vários anos, pois sempre ia à sua casa na Vila buscar frutas, beijus e farinhas. Lembro-me perfeitamente que sua residência ficava no centro, bem em frente ao campo de futebol. Eu pasmava quando ela do alto dos seus 70 anos, ainda costurava com normalidade. Deve ter partido com mais de 100 anos, pois não sabíamos ao certo o seu nascimento.
Os irmão de mamãe quase todos permaneceram no local e casando-se, tiveram vários herdeiros, multiplicando substancialmente a ramificação dos Lázaro no solo paraense.
Da minha família hoje ainda restam eu e minha irmã Maria Lina e como eu, não sabe estimar (nem aproximadamente) quantos parentes possuímos. Porém sabemos que dentro desse grande grupo familiar, tivemos e temos: militares, engenheiro, professores, políticos, comerciantes, futebolistas dentre outras atividades.
Caucaia onde sonho ainda um dia conhecer é sem dúvidas o âmbito maior dos Lázaro pois nossos avós dali saíram um dia. Em Americano tenho certeza que não conheço nem um terço dos parentes, apesar de tão perto -bem como, na capital Belém, onde encontram-se vários.
Pensar que tudo isso aconteceu há quase um século, com uma viagem de navio à procura de novas oportunidades, novas esperanças, nova vida, quando o casal sertanejo João e Maria resolveu trocar o nordeste brasileiro pelo paraense.
Com esta singela postagem quero saudar e abraçar todos os Lázaro que conheço e os por mim não conhecidos, pois somos e devemos ter orgulho de constituirmos e sermos a continuidade dessa respeitável e robusta árvore genealógica.
Os séculos podem distanciar as pessoas, mais jamais separar o seu elo consanguíneo.
Sintam-se portanto abraçados todos os Lázaro , de todas as gerações e recantos do Brasil.
Orlando Lino
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