quarta-feira, 15 de junho de 2016
TERIA ELE RAZÃO ?
Bezerra da Silva, pernambucano de Recife, falecido em janeiro de 2005 aos 77 anos, mudou-se ainda muito jovem para o morro do Canta Galo no Rio de Janeiro, onde experimentou várias profissões inclusive de pedreiro. Ao descobrir sua veia artística, tornou-se cantor, compositor, violonista e percussionista. Em suas composições, foi um dos mais mordazes críticos da política brasileira, quando também expunha a vida difícil e sofrida do favelado. Dentre as inúmeras músicas gravadas, nos deixou esta:
QUANDO O MORCEGO DOAR SANGUE
Para tirar meu Brasil dessa baderna
Para tirar meu Brasil dessa baderna
Só quando o morcego doar sangue
E o saci cruzar as pernas
Toda nossa esperança é somente lembrança do passado
A alta cúpula vive contagiada pelo micróbio da corrupção
O povo nunca tem razão estando bom ou ruim o clima
Somente quem está por cima é a tal dívida externa
E o malandro que faz aquele empréstimo
E leva vinte por cento dela para tirar
Já não há alegria de noite e de dia a tristeza não para
A vida custando os olhos da cara
E não temos dinheiro pra comprar
Quem governa o país é muito feliz e não se preocupa
Tem tudo de graça não esquenta a cuca
E o custo de vida só sabe aumentar
Antigamente governavam descente sem sacrilégio
Hoje são indecentes cheios de privilégios
É só caô caô pra cima do povo
Promessa de um Brasil mais novo
E uma política moderna
Mas só quando o morcego doar sangue
E o saci cruzar as pernas
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