terça-feira, 7 de janeiro de 2014
OBRIGADO, VALENTIM E IZABEL !
Transcorria o ano de 1873 e por ordem expressa do imperador Pedro II, com o intuito de povoar a região nordeste, encarregou o então o presidente da Província do Grão-Pará, Dr. Joaquim da Cunha Junior, de mandar demarcar uma área agrícola que tomou o nome de Núcleo Colonial Nossa Senhora de Benevides, hoje à altura do Km 30 da BR-316,. Foram contratados três engenheiros, que subempreitaram os serviços com o capitão Valentim José Ferreira, velho conhecedor da área, pois já tinha prestado serviço à Província , no alargamento e conservação do antigo varadouro dos índios Tupinambás ou a Estrada de Bragança.
Valentim que residia na Capital, além da companheira Izabel, trouxe consigo, uma turma de trabalhadores oriundos do nordeste brasileiro, ferramentas suficientes e muito mantimento. Valentim, como estratégia resolveu se estabelecer na na Boca da Sexta ou Aratanha, hoje a nossa Rua Matta Bacelar, que era um trecho antigo do Varadouro dos Tupinambás e, onde pela existência de vários igarapés, facilitariam o escoamento da produção da nova colônia.
Foram anos e anos demarcando e assentando novos agricultores que para ali se dirigiam no afã de progredir, cultivando em lotes de 330 x 660 m doados pela Coroa. Na labuta diária, eram inúmeras as dificuldades enfrentadas, entre os perigos da selva às doenças contagiosas e vários acidentes, que levaram muitos dos imigrantes a óbito. Izabel que apesar de ter levado uma vida mundana na Capital, transformou-se em verdadeira heroína, pois além dos afazeres domésticos, tinha seus dotes de caridosa, além de tratar dos enfermos com as próprias ervas nativas e por essa atitude fraternal os trabalhadores começaram tratá-la como "santa".
Tudo começara com barracões de verdadeiros desbravadores, implantados na íngreme floresta e anos depois por volta de 1888 aquele aglomerado de gente era considerado povoado, quando foram abertas mais uma rua e duas travessas e já o batizaram de Sta. Izabel, principalmente em homenagem à Izabel mulher de Valentim. A localidade crescia a passos largos notadamente quando aqui chegaram os primeiros trilhos da tão sonhada Estrada de Ferro de Bragança, que a cortava de Leste a Oeste, em 1885. A partir dali Sta. Izabel ganhava a simpatia das famílias tradicionais da Capital, que para aqui se transferiam em busca da aprazibilidade, do clima e dos inúmeros igarapés -cujas famílias adquiriam ou construíam suas chácaras e belos sítios, para os usufruírem nos finais de semana. Fora incontestavelmente uma época de ouro e desenvolvimento a olhos vistos por que viveu nossa terra até por volta de 1950.
Por conta desse crescimento, Sta. Izabel era guindada à categoria de Vila através da Lei Estadual de 6 de Julho no governo de Paes de Carvalho e cerca de 20 anos depois passava à Sub-Prefeitura, tendo como administrador o agrônomo Laurênio Castro. Em 1931 Sta. izabel passava à condição de município por decreto do governador Joaquim de Magalhães Barata, todavia esta proposta fora contestada pelos castanhalenses pois ficariam subordinados ao nosso município, que se estendia até os limites com Igarapé-Açu. Todavia em 7 de Janeiro de 1934, ganhava sua autonomia política definitiva , encampando todas as terras da Colônia Nossa Senhora de Benevides e Ananindeua , que também vieram a desmembrar-se anos depois.
Por uma Lei Nacional que não permitia municípios com o mesmo nome, datada de 1943, nosso município passou a denominar-se João Coelho, inclusive em homenagem a um ex-governador do Estado e que aqui possuía uma belíssima chácara, que mais tarde denominou-se Granja Azul, na hoje Av. Pedro Constantino. Entretanto, por força política na Assembleia Legislativa do Estado e a persistência de alguns segmentos de nossa sociedade ,bem como , a mobilização decisiva do nosso povo guerreiro, voltava o primitivo topônimo agora como Sta. Izabel do Pará, em 1959.
Valentim e Izabel, pelo menos foram poupados desse desprazer, vendo o lugar que criaram, escolheram para viver , mesmo com as lutas e dificuldades vigentes, comungando com tantos outros nossos irmãos consanguíneos, as mesmas alegrias, as eventuais tristezas, o perigo iminente e os primeiros passos de um município ainda menino, que embalaram o sonho em noites de trevas ou enluaradas, vê-lo crescer e prosperar -para depois, trocarem seu nome de batismo.
Felizmente o seu povo não permitiu que seus principais heróis fossem esquecidos e assim muito pugnaram para que voltasse o nome de "Santa" -a nossa ainda jovem Sta. Izabel do Pará, que hoje chega aos seus 80 anos de existência, cujo povo só resta dizer.
Obrigado ,Valentim e Izabel!
Obrigado, Valentim e Izabel !
Obrigado , Valentim e Izabel !
-Orlando Lino
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