domingo, 28 de janeiro de 2018

QUEM FOI O CRAQUE

Jaú (em pé) e Caboclo Orlando

      Estávamos no início dos anos 50 e o Izabelense que sempre mantinha um time à altura de sua tradição, perdia um dos grandes centro-médios que era Pedro Brito. Passado algum tempo, chegava à cidade um mulato com aproximadamente 25 anos de idade, 1,90m de altura e que fora fazer teste no Vermelhão. Tratava-se de Raimundo Cosme da Silva ou simplesmente o Jaú, que tomou conta daquela posição, na época se conhecia pelo termo inglês "center-half". Com pouco tempo logo familiarizou-se com a turma e passou a formar um trio de meio de campo com Major e Milton, quando ainda se atuava no antigo 2-3-5. Jaú que se dizia cearense, porém aqui aportou vindo de nossa capital, onde atuou no Campeonato Suburbano especificamente no São Joaquim Esporte Clube do Bairro da Marambaia, onde residiu por determinado período. Ele servia ainda ao Exército quando ao cair de um bonde perdeu cerca de 50% de seu membro superior- esquerdo, o que nunca impediu nem o desmotivou de jogar futebol, aliás uma de suas grandes paixões. No Vermelhão da cidade disputou inúmeras e memoráveis partidas e ajudou a conquistar vários trofeus, no tempo de Orivaldo& Cia -,tendo formado com três gerações de atletas, juntamente com seu companheiro de defesa Caboclo Orlando, aliás, os dois grandes recordistas de atividades no clube e que mereciam honrarias. Jaú por sua estatura e compleição física privilegiadas, levava vantagem nas bolas altas e disputas individuais, além de ser vigilante e decisivo no seu setor de combate. Talvez uma das suas maiores façanhas no Izabelense, foi quando em um jogo-treino contra a Seleção de Castanhal e na viagem ele sempre hilário, motivou o restante da equipe, àquela altura formada por jovens recém-guindados à titularidade, assim se expressando: -Vocês estão com medo de quê? Nós vamos é ganhar essa parada, vamos dar uma goleada, um show e eu ainda vou sentar na bola. Dito e feito: construimos um placar de 3 a 0 ainda no primeiro tempo, e o velho guerreiro cumpriu o prometido, enquanto a torcida castanhalense, que nos recebeu com vaias, se esganava de raiva.
    Jaú por pouco não formou em nossa primeira Seleção Municipal em 64, em virtude de já contar com cerca de 45 anos,  porém futebol ele jogava e conhecia como ele só e nas quatro linhas se portava como um líder, primando pela seriedade diante de qualquer adversário.
    Recordarmos momentos como estes, só faz bem ao espírito, digo porque tive o privilégio de atuar junto a este verdadeiro "monstro da pelota", que foi Jaú. Seu companheirismo, sua lealdade às nossas cores e tradições, sua predisposição em lutar, talvez seja o que nos falte neste Izabelense atual, desmotivado e sem uma perspectiva de futuro. 
    Enquanto não nos respaldarmos em nossos baluartes e grandes ídolos que fizeram a história Alvirrubra, dificilmente resgataremos a força e o prestígio desse gigante adormecido chamado Atletico Clube Izabelense. 
  

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