terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

MEMÓRIA ESPORTIVA

Orivaldo em 2005

     O torcedor izabelense que não teve a oportunidade de ver o Orivaldo da Costa Silva, ou simplesmente Orivaldo, em pleno apogeu do seu futebol, perdeu no mínimo um espetáculo extraordinário -que ao dominar a bola no campo adversário, partia para cima e, com uma incrível facilidade, driblava três,quatro opositores, ficando cara a cara com o arqueiro, para o arremate final  -fazendo a torcida alvi-rubra ir ao delírio, nos anos 50. 
     Embora tenha nascido no município de Bragança, ele aqui chegou ainda garoto, quando a família resolveu mudar-se e seu genitor Manoel Costa, o Duca Sapateiro, (que também atuou no Vermelhão), estabeleceu-se com sua pequena oficina na Rua Cearense, hoje a Francisco Amâncio, bem ao lado do Cartório. O pequeno Orivaldo, como qualquer outro menino de sua época, cresceu tomando banho nos igarapés locais, apanhando frutas nos quintais e principalmente jogando suas peladas de rua, juntamente com o irmão Bira, em um campinho de chão batido, ao lado do Grupo Escolar Sílvio Nascimento. Já por volta dos 15 anos, o pai já pressentindo sua boa desenvoltura com a pelota, o levou para testes no quadro de aspirantes (Segundo Time) do Iza, onde atuou por pouco tempo. Certo dia, com a falta do arqueiro titular, o técnico resolveu deslocar o centro-avante Célio Faguri para o arco e colocou o novato Orivaldo no comando do ataque -sua atuação foi tão marcante que nunca mais saiu do time titular. Apesar dos 1,60 m de altura, considerado baixinho para a posição de "center-fowrd" (centro-avante) ,ele se tornava um gigante, por seus dribles inevitáveis,sua agilidade e o arremesso fatal com a direita ou esquerda - o que o tornava o terror dos arqueiros, -ele lembra inclusive uma impetuosa linha de ataque do Izabelense formada por Bira, Ceará, Ele, Walter e Bito. 
   Muitos goleiros quando aqui chegavam em excursão, logo perguntavam se o Orivaldo ia jogar, como o excelente Asas, que jogou no Remo e Paysandu e um outro que tinha a alcunha de "Carapanã" e que atuava no Agronômico do bairro do Marco na capital.
   Certa vez, ele encontrava-se viajando como profissional do volante que era, de uma empresa local. O Izabelense havia entabulado um amistoso com o Moema E.C. da vila próxima. No primeiro tempo o Iza perdia por 4x0. Na segunda etapa ele chegava , fez quatro dos cinco gols e festejou mais uma vitória, diante de um dos maiores rivais na época.
    Pode-se se afirmar que ele foi o maior artilheiro do A.C. Izabelense em todos os tempos, e por isso, o técnico alvi-rubro, Profº Domingos (que era também conselheiro do Clube do Remo),  lhe convidou a treinar na equipe azulina da capital. Sendo aprovado, chegou a realizar alguns amistosos e ali revezava a posição com o baiano Quiba, que fora contratado por uma boa soma na época. Diante da indefinição de um contrato com o Remo, Orivaldo optou por um emprego em uma mineradora no então Território do Amapá e, não pensando duas vezes, viajou com a família. Ali, além de trabalhar como motorista, fora contratado pelo Santana E.C. da Serra do Navio, onde foi ídolo e deixou sua marca de artilheiro, recebendo elogios e destaque da crônica amapaense. 
   Após alguns anos destacando-se como um bom futebolista na Terra do Manganês e em plena forma, Orivaldo teve a carreira encerrada abruptamente, em um jogo em que torceu um dos tornozelos, cuja cirurgia lhe exigiu uma placa de platina, tamanha fora a gravidade da contusão.
    Nos anos 60 ele voltava à terrinha e ainda tentou praticar seu futebol envolvente e vibrante de outrora e sentir novamente o calor daquela torcida que tanto gritou o seu nome, por seus gols monumentais e vitoriosos no passado. Já não era mais possível, a gravidade da lesão lhe fora a cruel  companheira, decretando-o a parar o seu espetáculo futebolístico, que dedicou por anos a fio ao torcedor izabelense.
    Hoje esse grande comandante de ataque do nosso Alvi-Rubro dos anos 50, está prestes a completar 86 anos. Ainda reside na rua Uxiteua em nossa cidade, onde todos ou quase todos conhecem o "Seu Orivaldo". Pena que nem todos conheceram a sua arte, a arte de jogar futebol, que tanto alegrou e premiou outras gerações, com seus gols inesquecíveis. Porém o ídolo também  é premiado com aplausos, pelo o que fez e esse prêmio, como não pode mais vir dos brados delirantes da torcida dos velhos tempos, -tem o mesmo significado quando o imortalizamos em um simples texto, que pode  representar a gratidão de toda a plateia esportiva Izabelense. Naturalmente, de ontem e de hoje. 
   
   

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