terça-feira, 22 de dezembro de 2015

R E M I N I C Ê N C I A S

Nosso antigo Mercadão


       Os anos 60 chegavam, mal sabíamos que naquela Sta. Izabel ainda muito pequena,  decretava-se o fim de um de seus maiores símbolos arquitetônicos o velho, porém majestoso Mercado Municipal, que desde 1911 passara a ser, juntamente com então Orfanato Antonio Lemos, os marcos de uma vila progressista, bela e acolhedora, que mais tarde (23 anos depois) seria o município de Sta. Izabel do Pará.
     Com estrutura gigantesca, este casarão coberto com telhas tipo "francesas", em cuja placa de inauguração ostentava o nome do engenheiro Palma Muniz como seu construtor, tinha dimensões aproximadas de 40 por 80 m, incluindo o passeio externo. 
     Este próprio municipal, que abrigou e concentrou por mais de meio século todo o movimento de feira, comércio, açougues, pequenos restaurantes, fruteiras, bares, engraxatarias, como um simulacro dos modernos shopings de hoje, isto é, tinha tudo em um só lugar. 
     Este texto foi inspirado, ao lembrarmos da época de hoje, dos inúmeros natais de nossa infância e adolescência, que a mente conseguiu reter e de vez em quando nos remete àquele período único, mágico e encantado da vida. Sim porque, na noite de Natal e do final de ano, o ainda majestoso e imponente mercado, tinha outra utilidade, tornava-se enfeitado, todo engalanado e grandemente festivo, sendo outra função que exercia prazerosamente. É que no seu imenso salão interno realizava-se um dos maiores bailes populares das cercanias, com gente para todos os lados  -, especialmente os nossos irmãos agricultores que já pelas 20 h começavam a chegar em seus cavalos, bicicletas ou no pau-de-arara do seu Manoel Rocha. Da noitada, vinha a madrugada e chegava-se ao amanhecer. 
 Ainda lembro das principais damas (dançarinas), dona Zuleide (de raça negra), e dona Petinha (um belisco de gente), que entre suas roupas coloridas, fitas e o inconfundível patchuli  - eram disputadas sem tréguas pelos moços ou idosos, também dançarinos, que se esmeravam para mostrar seus dotes nessa arte e empolgar a multidão que apreciava alegre e vibrantemente. Como muitos não sabem o porquê de tanto empenho dos dançantes, lhes digo: era porque aquele par que melhor se destacasse na noite, ganharia um valiosos prêmios, inclusive em dinheiro vivo, sim porque ainda não existia o cheque.
  Do saudoso Mercadão temos hoje no seu lugar uma praça. Nesses dias sentei-me ali e a memória retroagindo há cerca de 55 anos, me facilitou a elaboração e passar-lhes essas minhas reminiscências.
  Bons e saudáveis tempos.       

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