sexta-feira, 25 de agosto de 2017

DECISÕES INADIÁVEIS

A frente da cidade, lamentável realidade

     É difícil ou até impossível, uma sociedade se desenvolver sem que haja uma reestruturação social, política e econômica. Os sinais de progresso de um povo é notório quando se atinge um estágio satisfatório de bem-estar para todos. 
   Os municípios do nordeste paraense em sua maioria, tiveram sua origem na agricultura e no extrativismo vegetal, através dos grandes núcleos de colonização aqui implantados ainda no domínio português e muitos ainda têm como base econômica essa atividade. Como sabemos, o nosso município surgiu da Colônia N.S. de Benevides fundada em 1873, tendo o demarcador dessas terras Valentim José Ferreira, escolhido a 4ª Travessa ou Uruburetama e a 8ª Mucuripe (hoje João Novo) quando posteriormente, foram incluídas as Colônias Ferreira Pena e Araripe (hoje compreendidas no distrito de Americano). Como responsáveis diretos pelo bom crescimento dessa área agrícola, tivemos algumas famílias de emigrantes estrangeiros e milhares de retirantes nordestinos fugidos das inclementes secas do sertão brasileiro. Sta. Izabel 61 anos depois (em 1934), tornava-se um dos municípios mais prósperos após despontar como uma vila progressista e desenvolvida. Todavia nos anos 50, fora tragado por uma nefasta politicalha que lhe tirou todo o ímpeto de progressividade, relegando-o a um pobre município sem perspectivas de crescimento, o que aconteceu durante três décadas. A maioria das gestões diante das dificuldades, simbolizavam o fracasso de um município, que parou no tempo e no espaço. Diante de uma política recessiva, onde nada se criava ou planejava para tentar mover a engrenagem municipal, o resultado não poderia ser outro a não ser os sucessivos fracassos e o desapontamento do seu povo. Complementando o quadro desolador, chegamos até a perder alguns empreendimentos de vulto, face a inabilidade e a inconsequência da indigitada polítiquice de então. Poucas foram as administrações e legislaturas que nos deixaram algum resquício de crescimento, mesmo assim, longe das reais necessidades do município e que foram se acumulando a cada quatro anos. Hoje com uma população passando de 70 mil habitantes, o município possui uma das economias menos desenvolvidas da RMB, baseada em apenas 3 indústrias de porte médio, uma agricultura em crescimento e um comércio ainda insipiente. 
      Para se entender melhor o que é uma politicalha, basta que olhemos o vizinho município de Castanhal, apenas 2 anos mais velho que o nosso, também surgido de um Núcleo Colonial de 10 lotes, às margens do Varadouro dos Tupinambás, por onde caminhavam comerciantes e boiadeiros nordestinos, provenientes dos estados do Maranhão e do Piauí, que faziam parada numa área de campo, onde existiam grandes castanhais. Hoje transformou-se num grande município, que possui um comércio expressivo, uma forte indústria, com um novo projeto para um grande parque industrial, produz e exporta: calçados, têxtil, metalmecânica, alimentos, pré-moldados, material elétrico, vestuário, etc. possuindo ainda 8 universidades em pleno funcionamento. 
     Sta. Izabel, daqui há 17 anos, estará completando seu centenário de emancipação política -sem no entanto apresentar vestígios de um almejado crescimento do qual reclamam seus habitantes. Atado ainda a um modelo político ultrapassado e nada inovador, tem atravessado décadas e décadas, onde sobram indefinições e crescem as dificuldades da população que clama naturalmente por melhores condições de vida, através de oportunidades empregatícias. Nesse intrigante quadro de indecisões continuadas e decisões paliativas, retrata um município à deriva, sem perspectivas de encontrar uma rota para chegar a um porto seguro. Não obstante ouvir-se opiniões recheadas de ufanismo obsequiosos, porém as evidências dos fatos nos obrigam a discordar de supostas convicções. Por conseguinte, não existe condições de se levar um município a um pleno desenvolvimento, sem atentar-se para mudanças estruturais, com embasamento, capacidade e coerência. Não se consegue avançar portanto, se não discutirmos e colocarmos em pauta os verdadeiros obstáculos que travam a marcha do município -buscando-se através do debate e do raciocínio lógico as soluções breves e necessárias. O resultado prático dessas indefinições e inaptidões que nos legou a política de outrora, apenas estagnou e protelou cada vez mais o progresso desta terra.
   Pelo visto, ou tomamos decisões inteligentes e transformadoras hoje, ou chegaremos aos 100 Anos, como um dos poucos que não conseguiram a sua modernização e nem desenvolvimento nesta Região Metropolitana de Belém, haja vista, o nosso Produto Interno Bruto que já é um dos menores.
  

            

Nenhum comentário:

Postar um comentário