segunda-feira, 30 de novembro de 2015

O QUE A POLÍTICA NÃO FAZ ...


     Dizem que tivemos um político paraense que certa vez cunhou esta frase: "Em política só não vi foi boi "avua" !. Já outro afirmara que: "Política é uma verdadeira cachaça !". E assim o fértil imaginário popular vem adjetivando a atividade em apreço por décadas e décadas.
   No primeiro caso, o inspirado frasista nos leva a entender que nessa atividade pública tudo (ou quase tudo) é capaz de acontecer. Já na outra proposição, nos faz compreender que ela (a política), embriaga e vicia, a ponto do coirão se pensar o maior dos estadistas, podendo levá-lo inclusive à "dependência", isto é , não querer mais sair dela.
   Me valho do preâmbulo acima para lembrar de uma figura nossa, que após vários anos nessa "arte" de politicar e "aposentando-se" da mesma, resolveu escrever (e publicar) suas memoriais façanhas de sua nobre trajetória.
   Com uma indisfarçável pitada de ironia, aqui e acolá, ele mistura fatos que fogem um pouco ao tema, porém nos parece bastante simplório ao nos relatar sua origem humilde de onde alguns políticos já experimentados lhe foram buscar. Agora lhes garanto que não consegui ler toda essa sua minuciosa auto-biografia, porque é algo para alguns dias de leitura ininterrupta e, olhe lá  -principalmente que a narrativa,vejam, se inicia ainda nos anos 40.
Depois de convidado e apresentado às "feras do mundo dos que governam", o então jovem político aceitou a decepção em não se sair vencedor na primeira tentativa à edilidade.Porém um outro seu "mui amigo" e conterrâneo, levou a melhor tirando-lhe votos com certa "artificialidade" , fato que quase o levou à desistir da carreira, lembra-nos aí o: "... só não vi foi boi "avua´". Procurado novamente por outro novato na política, mas que fizera certo sucesso numa determinada eleição para prefeito, uni-se a este e recebe seu primeiro diploma na edilidade local. Daí foi um sopro para o sucesso no âmbito político, quando sua estrela passou a  brilhar, com alguns mandatos na Câmara, cargos públicos e até assumiu o governo municipal por um curto período já no fim de carreira. Nota-se seu deslumbre maior em sua narrativa, quando por várias vezes esteve em reuniões ou encontros com as mais altas autoridades do Estado  -,que ao que parece, leva qualquer mortal a um êxtase existencial ou à sublimação nesses momentos tão "especiais", que o tal efeito da "cachaça" nos explica.
     Depois de anos na seara, agora um homem público considerado e procurado pelas siglas partidárias, mesmo não votado, chega ao poder máximo municipal, com a desistência do alcaide titular, que não aceitou (ou não aguentou) mais dois anos de prorrogação no comando. Agora talvez pelo dever de ofício, ocupa a administração e que pelo que conta, (ou se nota) implementou uma verdadeira revolução talvez jamais vista dantes (com licença da afirmativa lulesca) na Casa, o que lhe custou algumas ranhuras, indiferenças e até aversão de alguns que um dia (por ironia do destino) lhe foram tão caros, na vertiginosa e "gloriosa" subida, - as pessoas (às vezes), se deixam levar pela embriaguez do poder, (novamente aí o resultado etílico). 
    Por fim o nosso vitorioso (ou venturoso?) homem público, desfila um extensíssimo rosário de realizações, que a primeira vista, pode-se se achar que ninguém conseguiu tanto em tão pouco tempo para este município  -, embora ainda visivelmente carente de pessoas que pensem uma Sta. Izabel desenvolvida e resplandescente, pelo menos na Região Metropolitana de Belém.
   Quando termino a avaliação da quase epopeia do nosso "prodigioso" homem público, ele também faz seu fecho, dizendo que além de todas aquelas inúmeras "benfeitorias" para o município, ainda deixou uma considerável soma em dinheiro ao seu sucessor. Aí sim que infelizmente marca toda a sua inexperiência na tal "arte", pois dinheiro não se deixa em caixa para outros gastarem. O pior: é que o  seu sucessor,  foi o mesmo que lhe foi buscar pela segunda vez , em sua humilde propriedade agrícola no nosso interior, reintroduzindo-lhe na política e muito lhe ajudou nessa sua ascensão e ocaso da vida pública.
  Penso que todos os políticos deveriam contar(em verso e prosa) as suas proezas de inestimáveis contribuições para com esta terra. Só assim poderíamos ter uma visão "transformadora" que a cachaça,digo, a política lhes fez pensar um dia serem os mais capazes agentes desenvolvedores deste abençoado e complacente município, que ainda infelizmente, espera por um milagre ou "boi avuá".


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