sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

FAMÍLIA LÁZARO: DO NORDESTE PARA A COLÔNIA ARARIPE

Minha saudosa mãe, Rita Lázaro

     Há cerca de 60 anos atrás mamãe nos contava as lembranças de sua terra natal, Caucaia no Estado do Ceará. Tão próxima à Fortaleza que meu avô João com os filhos mais velhos, iam à cavalo negociar os produtos da pequena propriedade familiar, nas feiras da capital. Vovó e ela (Rita), ficavam cuidando dos afazeres da casa, cuja prole se completava com mais seis irmãos: João,Jorge,Artur,José, Joaquim e Domingos. 
   Chegavam os anos 20 e muito modificaria a rotina de vida dos Lázaro, que resolvera mudar para terras paraenses na metade daquela década. Vários dias de viagem em navio, e lá viam pela primeira vez a Baia de Guajará, escancarando a face de Belém ainda provinciana. Mamãe ainda era uma criança de apenas 9 anos, mas lembrava o desembarque através de pequenos botes que lhes transportavam, pois o navio ficava ancorado à distância. Após dias de incertezas à espera da "Canaã" prometida, e numa bela manhã o velho patriarca da família,João, fora agraciado com um lote de terras medindo 250 m de frente por 1000 de fundos, alguns víveres, ferramentas e o destino era a Colônia Araripe, no Km 60 -hoje o simpático distrito de Americano em nosso município. Também veio uma irmã de vovó (tia Filó) com sua família, além de um irmão (que não recordo o nome), mas que preferiu ficar pela capital. Infelizmente não lembro de meu avô (João) materno, pois nos deixou eu devia contar uns dois anos de idade. 
    Daí em diante com muita luta sol-a-sol, os Lázaro foram se aclimatando e sobrevivendo do produto da lavoura e de algumas criações. Vovó Maria além de boa cozinheira era também parteira por prática e sabia costurar muito bem. Cansei de vê-la montar em garupa de bicicleta ou mesmo de cavalo para atender uma parturiente há quilômetros a qualquer hora do dia ou da noite, cujo trabalho realizava por prazer e puro humanismo. Era interessante porém o número de "filhos" que possuía, pois todos aqueles que por ela eram assistidos no nascimento, passavam a tomar-lhe a bênção e chamá-la de"mãe" - sendo uma velha tradição nordestina. Nas festas, mamãe contava que só frequentava acompanhada de pelo menos um dos irmãos,naquelas noitadas embaladas pelo chamado "pau e corda", que constituía-se de três ou quatro tocadores, entre violão, cavaquinho,sanfona, bumbo variavelmente. Lembro-me também que vovó, tempos depois, ganhou uma casa novinha presenteada por seu filho Joaquim, que ficava em frente do clube Flamengo no centro da vila e ali passou muitos anos. 
   Minha família fora constituída quando o jovem Osvaldo Lino,chegou ao então povoado de Araripe por volta dos anos 30, e ao empregar-se no comércio do Sr. Felipe de Paula, conheceu minha mãe e tempos depois casaram-se. Tiveram como herdeiros, Ivete que falecera em tenra idade, Maria Lina, Osvaldina Maria, Osvaldo e Eu. Algum tempo depois papai que fora designado para trabalhar numa filial da mesma empresa aqui em Sta. Izabel, acabou sendo sócio e posteriormente proprietário da Casa Oliveira (comércio de cereais, gêneros alimentícios,loja e bar),situada na Rua Cearense, hoje Av. Francisco Amâncio com a atual Av. Pedro Constantino. Infelizmente a saudade nos bateu cedo quando perdemos nosso pai ainda bastante jovem em 1948. 
   Os irmão de mamãe também quase todos mudaram-se para outros lugares, com exceção de João (o mais velho),e Jorge que preferiram continuar na lavoura e todos multiplicaram substancialmente a ramificação dos Lázaro por esse Pará afora. 
   Da minha família restam minha irmã Maria Lina, que com eu não sabemos estimar (nem aproximadamente) quantos parentes possuímos, até chegarmos nestes anos de 2017. Porém temos certeza que dentro desse nosso grande grupo familiar temos e tivemos: militares, engenheiros, professores, políticos, comerciantes, futebolistas, dentre muitas outras atividades. 
   Caucaia onde sonho um dia conhecer, é sem duvidas a maior concentração dos Lázaro, pois nossos avós dali saíram um dia. 
   E pensar que tudo isso aconteceu há quase um século, com uma viagem de navio à procura de novas oportunidades, novas esperanças e nova vida, o casal sertanejo João e Maria resolveu trocar o nordeste brasileiro pelo paraense e aqui deixou seus representantes que somos todos nós.
   Com esta singela mensagem quero saudar e abraçar a todos os Lázaro que conheço e por mim não conhecidos, pois devemos ter orgulho de constituirmos e sermos a continuidade dessa respeitável e robusta árvore genealógica.
  Um século pode distanciar as pessoas, mas jamais separar o seu elo consanguíneo.
  Sintam-se portanto abraçados, todos os Lázaro de todas as gerações e recantos deste Brasil. 

                                                                                                       -Orlando Lino    

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