quarta-feira, 15 de novembro de 2017

"TORRE DE PAPEL"


   Conto-lhes que tive um amigo que felizmente (ou infelizmente) nunca mais o vi desde que daqui mudou-se sei lá pra onde. O indigitado cidadão, além de outras "virtudes" era um obcecado pela vida política e em seus sonhos ( que já eram verdadeiros pesadelos), marcaram esta sua desmedida obstinação. Toda as vezes que o encontrava ele me penitenciava a ouvir um sacrificado e tedioso rosário, quando tecia todos os seus predicados que um dia poderiam levá-lo à "espinhosa" carreira política. Segundo ele: era amigo de todos e honesto; somente puxava o saco de quem tinha dinheiro; ajudava o próximo com sorteios de bingo, e cestas básicas;participava de shows de caridade; trabalhava pela cultura local, promovendo (na época), festas de "rebolattion" e bregão; visitava e ajudava comunidades carentes; chorava em velórios alheios; chegava a despir-se para dar (ôpa!)... a roupa ao descamisado -enfim se considerava um cidadão talhado e cotado para exercer qualquer cargo eletivo -e finalizando, sempre me perguntava o quê eu achava de seus (digamos) "invejáveis atributos". Certa vez, num desses dolorosos (para mim), encontros casuais, contou-me mais uma de suas fantasiosas elucubrações eleitorais : -disse-me que um certo dia sentiu-se no topo de uma torre formada de votos, eram votos e mais votos, incontáveis votos, que até pensou em dividir com seus concorrentes. Sua alegria era tão incontida, que não saberia como agradecer e retribuir a tantos eleitores,aquela verdadeira avalanche de votos. Em dado momento sua casa estava repleta de admiradores e correligionários, onde não faltavam eram vivas e parabéns pela brilhante façanha. Até mesmo alguns parentes que moravam em Piri-Piri no estado do Piauí e a sogra (que nunca o viu com bons olhos) chegara de armas e bagagens, para saldar o genro, agora "ilustre". A festa conforme ele sempre previa, varara a madrugada e ele em cima daquele verdadeiro mundaréu de votos. Em dado momento nosso "estreante político" sentiu suas pernas falsearem e de repente começa a desabar do alto de seus incontáveis sufrágios. Soltou um grito tão aterrorizante que acordou a mulher,os filhos e toda a vizinhança. Meu amigo tinha caído da cama. Ele acabara de ter mais um dos seus pesadelos eleitorais o que lhe valeu como "recompensa", a fratura de um braço e algumas costelas.   

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