segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

R E M I N I S C Ê N C I A S E S P O R T I V A S


     Nos anos 40 eles já eram conhecidos no velho estadinho do Izabelense, sobressaindo-se como verdadeiros "ferrolhos" da inexpugnável defesa alvirrubra. Agora, repentinamente minha lembrança me transporta aos anos 50, quando eu contava com meus 12 anos de idade e como vidrado e assíduo torcedor do nosso Alvirrubro, juntava-me à garotada da época, aumentando o coro dos inflamados simpatizantes do Atlético. Aquela defesa era realmente uma barreira, cuja guarnição se completava com Quirica no arco, Curica, Major,Tarzan, Milton e eles dois ; na frente, com uma fibra espartana, lá estavam: Orivaldo no comando, que simplesmente transformava em gols, todas as bolas que os armadores Ceará e Quarentinha iam garimpar na "meiuca" (meio-de-campo) ; Bira e Bito pelos flancos, davam velocidade à linha ofensiva e de vez em quando "matavam" o arqueiro contrário, com seus petardos que saiam fumegantes dos seus pés. Inegavelmente fora uma das equipes da fase amadora do Vermelhão, que mais me impressionou naqueles anos que marcavam a metade do Século 20. Mas o que eu quero falar mesmo, é deles dois. Já estávamos nos anos 60, quando recebemos uma proposta-convite do mentor-mor daquele grupo que era Manoel Ernestino da Silva (empreguei lá atrás o verbo no plural, porque participávamos de um clube infanto-juvenil chamado Leãozinho) e Manoel Silva nos convocou para reforçar o Leão Vermelho, tal como ele gostava de se referir ao Izabelense. Todos nós tivemos enfrentar um "vestibular", que era o quadro de suplentes, denominado  de Segundo Time. Meses depois começamos a migrar para o time principal, que além de velhos e dedicados combatentes, lá estavam eles dois, em pleno vigor físico, apesar de ambos aparentarem seus respeitáveis 40 janeiros às costas, mas pareciam dispostos a não querer entregar o posto a nenhum neófito que aparecesse. Como já deu para o leitor perceber, me refiro a esse duo da muralha Izabelense, que foi Jau e Caboclo Orlando. E assim, todos os seus contemporâneos descalçaram as chuteiras e, eles lá permaneceram. Jau, que se chamava Raimundo Cosme, um mulato de 1,90 m aproximadamente, de resistência incomum, lutador e destruidor de jogadas, além de grande impulsão para cortar as bolas altas, sempre aparecia em escanteios deixando sua marca com indefensáveis cabeçadas. Hoje sua alma convive na Glória Celestial. O segundo, batizado como Orlando Santana, de menor compleição física, sereno, com uma paciência de Jó, esperava o adversário para dar o bote certo no momento certo. Por inúmeras vezes, vimos o perigo girar ante a cidadela Alvirrubra e ele aparecer do quase nada, desarmando o inimigo já prestes do tiro fatal.Orlando porém, ainda encontra-se entre nós, apesar do peso da idade e a saúde um tanto debilitada. Eram realmente dois craques, daqueles que se diz, na acepção do termo. Os enalteço também na oportunidade, não só pelo futebol brilhante que praticaram ou pela dedicação que dispensaram ao nosso glorioso Atlético Clube Izabelense, mas também por terem atuado consecutivamente com três gerações, podendo-se considerar que foram os que mais vestiram o manto Alvirrubro em todos os tempos, ou seja, dos anos 40 aos 60, com veneração e empenho à bandeira Vermelha e Branca. Enquanto que eu e vários outros colegas, nos regozijamos porque também tivemos o privilégio de atuar juntos a esses dois verdadeiros ídolos do nosso futebol. 
    Se o Izabelense tivesse preservado toda a estrutura clubística e a organização do passado, por certo teria agraciado estes exemplares atletas, com uma plaqueta de Honra ao Mérito. Mas lastimavelmente, há uma imponderável tendência de nossos heróis tornarem-se cada vez mais anônimos e esquecidos, tal qual, a tradição do nosso querido Clube.  

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