domingo, 2 de abril de 2017

A FACILIDADE E A REALIDADE


      Infelizmente ainda existem muitos cidadãos que decidem ingressar na carreira política, assim, sem mais nem menos, ou de uma hora para outra, -mesmo sem o menor resquício de conhecimento do que é um cargo público, ou ainda do intrincado problema que pode encontrar pela frente. Quando a grana é farta, anima mais ainda o futuro candidato, do qual se acercam logo inúmeros correligionários, conhecidos ou não, é o que menos  importa. O que o cidadão aprende logo e rápido, é o discurso da facilidade em resolver todos os problemas da comunidade, como num passe de mágica. Tudo no firme propósito de neutralizar o adversário logo no primeiro "round", subestimando-o ao nível da incompetência ou até do ridículo. Uma vez eleito e após a ressaca da vitória, começa a pesar-lhe nos ombros diversas reivindicações que o eleitor se vê na contingência e na obrigação de cobrá-las, principalmente se o então candidato exagerou na dose de promessas e compromissos muita das vezes até impossíveis de cumpri-los. Ao que se verifica, é que na atual conjuntura, tanto faz ser um município de grande porte, como aquele menos desenvolvido, todos sofrem do mesmo mal: a falta de caixa para fazer frente as inúmeras demandas que se acumularam ao longo de décadas e décadas. É possível ainda que hajam maiores dificuldades para aqueles que durante anos não deram prioridade a programas exclusivos que viessem ao amparo de seus desenvolvimentos -onde a maioria lida com orçamentos exíguos e arrochados, sem nada sobrar para novos investimentos, onde quase sempre a máquina administrativa leva a maior parte da arrecadação. Nesta altura da competição é que sobram problemas de todas as ordens, cumulativos de várias gestões e o noviço administrador tem o primeiro grande susto. Do outro lado, na galera, está o povão já se mostrando impaciente engrossa o coro, no sentido de ver: seu bairro e ruas pavimentados com "bloquetes", postos médicos, UPA, escolas, transportes, segurança,coleta regular de lixo, igarapés e rios sem risco de contaminação,distribuição de água regularizada, enfim tudo que foi apalavrado nas festivas campanhas e garantido com suposta facilidade e brevidade. Ele, o povo, quer tudo naturalmente materializado com a maior urgência, no mesmo grau de rapidez que lhe foi prometido. Aí é que o gestor que só via facilidades para administrar, começa a sentir de fato as dificuldades e ter uma melhor noção da realidade e, o jeito é mudar o discurso, ou tentar outra fórmula para acalmar os ânimos dos seus já ressabiados eleitores.
    Talvez o mais difícil nessa epopeia toda, seja encontrar uma nova fórmula que inspire realmente certeza e confiança.

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